Um dos lugares que tive oportunidade de descobrir no passado e a que regresso sempre com muito gosto é a baía do Monte Saint-Michel, banhada pelas águas do Canal da Mancha, onde podemos conhecer de perto a azáfama da vida dos pescadores, de acordo com o vai e vem das marés, que criou, há séculos, um modo de apanhar o pescado em maré baixa muito tradicional. De facto, as marés condicionam o modo de vida destas gentes, quer na sua actividade piscatória quer turística, e contactar de perto com o seu modo de trabalhar é uma outra forma de descobrir uma das regiões mais interessantes da França.
A baía do Monte Saint-Michel é considerada uma das baías mais belas do mundo e em 1979 foi inscrita, juntamente com o Mont Saint-Michel, na lista de património mundial da Unesco. Localiza-se entre a Bretanha a península normanda de Cotentin e um dos pontos para a sua descoberta pode ser a pequena povoação costeira de Cherrueix. A partir daqui é possível fazer uma visita guiada, de duas horas, no chamado “Le Train Marin”, que se afasta da costa e avança para o mar cerca de 5 km. Trata-se, na verdade, de um tractor, semelhante aos que são utilizados nesta região para transportar o pescado, ao qual foram anexados dois atrelados com capacidade para cerca de 40 pessoas, no total.
Esta visita comentada inicia-se com a maré a descer e vai parando em locais junto às construções em estacas que os pescadores colocam para a recolha do pescado. Por vezes vemos os tractores parados à espera de que a maré desça mais um pouco para continuarem o seu percurso em direcção às armadilhas. O animado guia demonstra como trabalham os pescadores e dá explicações detalhadas sobre o tipo de pescado que é capturado nesta região, atendendo às muitas questões e comentários que vão surgindo.
A visita que agora se faz com guia também pode ser realizada a pé, como eu fiz em anos anteriores, embora devam ser tomadas medidas de precaução por causa das marés e da instabilidade do solo que, nalguns pontos, pode ser formado por areias movediças. Aconselha-se, por isso, que acompanhem de perto os pescadores que também se desloquem a pé, pois eles, melhor do que ninguém, ajudam a fazer este percurso pedestre em segurança.
As fotografias que publicamos são sobretudo fragmentos das construções colocadas pelos pescadores da povoação de Cherrueix.